segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Batida do coração



A luz da rua ilumina por entre esse quarto de hotel, sentado preso em meus pensamentos. Lá fora está quente, mas, aqui dentro está muito frio. Mesmo estando frio não me importo, apenas deixo esse frio me arrebatar. Olho ao redor é um quarto pequeno, com a baixa luz vindo da rua, vejo aparador ao canto, com uma jarra com flores, de quais não tenho conheço (talvez pela minha falta de interesse), a minha frente uma TV em uma estante, mas a deixo desligada, a finalidade de estar nesse quarto é outra. Pego aquele cartão, que apenas diz o endereço um telefone e, escrito nele, com uma grafia colonial: “peça o quarto 113”. E ali estava, esperando pelo derradeiro fim de tudo aquilo, que haviam me prometido. Fico ansioso e, ao mesmo tempo, com muito medo do que aquilo, pode proporcionar. Quando me dou conta que em um canto, vejo um formato de uma pessoa num canto escuro. Me assusto, e percebo a silhueta de uma pessoa alta, mas pela escuridão não consigo definir, quando começa a falar e com uma voz doce: Ao lado, da cama, tem um chá já preparado. Esteja ciente dos termos, ao tomar, as lembranças se esvai como areia, das mãos. Apenas acompanharei o processo, quando acabar partirei. Sem pestanejar, pego e tomo o chá, numa fração de segundos. Tem um gosto amargo e doce simultaneamente. Não sinto nada de diferente, quando a sombra volta a falar. Agora a cada batimento de seu coração, uma memória se partirá, assim até o final do processo. Estarei aqui por você. Logo em seguida, num partir de milésimos, como um holograma, aparecia momentos diante dos meus olhos, e se quebrando como vidro partido. Acompanhando via, que as lembranças ruins estavam se rompendo, e aquela sensação se esvaindo. Estava feliz, iria esquecer de tudo aquilo que me magoou, mas eis que percebo. As lembranças boas, estavam se quebrando. Como um desespero questiono a sombra,sem forças suficiente para me movimentar: Ei! Isso não é justo, quero guardar as lembranças boas! A sombra me responde, com uma voz triste e benevolente: Vivemos em uma balança, na qual a proporção sempre será equilibrada. As lembranças boas, te trazem, lembranças ruins, e o inverso ocorre. Não podemos controlar quais serão apagadas no processo. Por precaução, depois de muito custo, permiti uma segunda chance, para aqueles que se arrependem durante o caminho. Mas para isso haverá um custo maior, a ti. Não posso te garantir qual será o custo, isso depende de pessoa a pessoa. Mas ao lado do chá, tem um comprimido. Pode ser uma doença, pode ser apenas uma mancha, apenas algumas lembranças apagadas, haverá consequências. Em um impulso, pego o comprimido e tomo rapidamente, o medo de perder tudo, as experiências vivenciadas, aquelas sensações, aqueles amigos, até aqueles amores. Não quero perder tudo aquilo que guardo com tanto carinho, penso: “se tiver que guardar toda as lembranças boas e ruins, prefiro mante-las , com o receio de que mude quem sou”.
Como se meu corpo se movesse, sem meu consentimento, com energia revigorada, correndo em direção a porta. Abro-a em desespero, quando me dou conta, que estou correndo pelo corredor do hotel, de frente ao elevador, que chega no momento que chego a frente de sua porta. Entro, saio do Hotel correndo, sem nunca olhar para trás.

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