terça-feira, 26 de novembro de 2013

Soldado de chumbo.


Madrugada chega.
O quarto de uma doce garota é banhado e iluminado pela luz do luar, transformando naquele pequeno espaço, em lugar mágico.
Brinquedos ganham vida e saem de seus respectivos lugares.
Um lugar onde festejam, se divertem .
E ali , naquele lugar que vive o pequeno soldado de chumbo.
Mais um dia se passa, e o pequeno solado olha a estante próxima a janela, quando a vê. A doce e meiga bailarina, de uma uma beleza surreal.
Descendo graciosamente de seu pequeno palco, onde durante o percorrer do dia, dança para a sua para a doce dona. E eu simples solados, fico a observar.
Todos os dias, aguardo ansiosamente pela madrugada, apenas para vê-la sob aquela luz do luar e me sinto realizado.
Durante o dia, vivo preso nessa garrafa de vidro, tenso a certeza de ser apenas um ser comum. Jamais uma bailarina tão doce, gentil gostaria de interagir com um simples soldado.
Ao chegar ao lugar onde nos reunimos todas as noites,desvio o olhar ao vê-la e, mais uma vez me vejo preso em meus pensamentos: " queria ao menos ter coragem, ser sincero comigo mesmo e com o sentimento que sinto em relação a ela ". Sempre sou tomado por todo meu nervosismo ao falar com ela, o medo de não ser correspondido, a vontade de protege-la, a ansiedade de ouvir sua voz e o anseio de estar em sua presença me domina.
Ao chegar todos a rodeiam, parecendo com uma rainha por onde passa. O brilho ao redor dela é quase palpável, com um sorriso terno, sempre se preocupando a ouvir e estar ali com cada um de nós. Amável ao ouvir cada história, cada palavra.
Abraça o urso triste, estende a mão ao a pequena marionete, beijada ao rosto pelo minerador depois de um dia exaustivo de trabalho, concede uma dança ao xerife.
Desço,confiante: "hoje terei a coragem suficiente para falar o que sinto!".Me aproximo lentamente e, os brinquedos como todas as noites fazem um círculo, para mais uma vez ouvir estória que sempre nos contava. Sento-me-eme mais afastado, para assim não ser notado.
A história é sobre um corajoso cavaleiro, que passa pelos mais diversos perigos e obstáculos, para conseguir encontrar a pessoa amada.
As horas passam e, está próximo do amanhecer. Todos começam a voltar aos seus lugares e mais uma vez o soldado de chumbo não teve coragem de se abrir.
Volto ao meu lugar, mais um dia frustrado e triste. Será que algum dia terei coragem? O medo de não ser correspondido,a rejeição me paralisa. Como gostaria de me tornar, como assim na história contada, ser como o cavaleiro, me tornar corajoso, sendo sincero com o que sinto em relação a ela.
Volto a minha posição e fico até o amanhecer.
… A bailarina sempre a ultima a subir ao seu lugar o palco, fica a olhar os brinquedos irem embora um a um, quando avista o pequeno soldado, voltando a sua garrafa,sem ao menos se aproximar dela.
Voltando a sua caixinha, lança um olhar amoroso e melancólico, olhando em direção ao soldadinho de chumbo. Quando pensa mais uma vez: “ Gostaria de conversar e, conhecer mais sobre aquele soldado. Ser sincera com ele que sempre o observei mas, me falta coragem. E se não for correspondida, tenho receio … ”.
A bailarina retorna a sua posição, triste, por mais uma vez não ter tido a coragem de ser sincera com ele.
Os primeiros raios de sol entram no quarto e todos estão em seus lugares para mais um dia.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Querida Fotografia.



E mais uma vez, me pego com a maldita fotografia.
Aquele aperto ao peito me vem.
Não é um dia especial mas a pego, apenas mais um dia comum. Aquela fotografia que sempre me proporcionou refúgio, dessa vez sem sucesso. Dentro de mim um turbilhão de pensamentos me vem a mente ao me jogar na cama. Levanto aquela fotografia de bons tempos e a encaro.
O que é este sentimento? Dor? Saudade? Felicidade? Talvez, apenas seja um misto de todos esses sentimentos. Um sorriso melancólico se abre, enquanto o rosto se umedece através dos olhos.
No fundo, sei a verdade por trás, daquela sensação agridoce, o reviver aquele instante, com tudo que estava sentindo.
Duvido que nunca se pegou querendo reviver, uma viagem? Quem sabe talvez uma festa, ou quem sabe um amor. Não importa,esta fotografia, que é simplesmente uma doce lembrança e, consegue fazer este turbilhão aqui dentro.
Olho, por segundos, minutos e até por horas, desejando uma máquina no tempo, para reviver tudo aquilo novamente. As companhias que já partiram, reviver os amores avassaladores, reviver o agora, reviver a vida.
Sem perceber estou com uma máquina do tempo em minhas mãos. Me faz revisitar aquele momento, revivendo cada segundo, cada detalhe, cada aroma, cada palavra dita, cada sentimento sentindo naquele instante. A máquina do tempo existe e, está em minhas mãos, penso em cada detalhe, cada sorriso, cada sentimento, vivido naquele instante.
Infelizmente, no decorrer do caminho, muitos se separam, seguindo seu próprio destino, mas não antes de deixar uma marca em nossa alma... Isto é apenas a vida nua e crua ... A marca deixada, é algo inexplicável, apenas pode ser sentida.
Te odeio maldita foto, por me deixar dessa forma... Deixo a fotografia ao lado, levanto e vou até a janela e ali permaneço, refletindo por algum tempo, envolvido em meus próprios pensamentos. Uma leve brisa acolhe meu rosto, me sento tocado e protegido.
Me viro, me volto para aquela maldita fotografia e um pensamento me vem: " Não importa , olhe para a foto, não é isso que você busca? Este momento já se foi, se sinta grato por ao menos o ter vivido. Quer os ter de volta ? Infelizmente, não ocorrerá. Qual a sua espera para fazer novos momentos como este? "
Deixo a fotografia de lado, pego o telefone, digito certo número, quando escuto do outro lado:
- Alô.
Ainda com o rosto molhado de lágrimas, penso: "Obrigado, querida fotografia por me salvar, de me ajudar com esse orgulho e, me salvar dessa imensa solidão".


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