segunda-feira, 13 de julho de 2020

Era uma vez



Era uma vez... assim que inicia todas as histórias que algum dia sonhamos.E por que com essa seria diferente?
Era uma vez... 
Dois príncipes, de reinos totalmente distantes. Cada qual em seu respectivo reino, seguia com sua vida, da melhor forma possível. Às vezes, se questionavam se era o certo ou o errado, a verdade é que eles faziam seu melhor naquele instante, mesmo não sabendo disso.
O mais curioso que, nem faziam ideia que muito em breve suas vidas se cruzariam.
Houve um tempo, que surgiu uma praga, fazendo com todos os reinos se resguardassem.
Um dia, um dos príncipes, recebeu um bilhete, com uma pequena mensagem na qual,o outro príncipe, curioso, gostaria de conhecer sobre aquele reino.Conhecer seus costumes, crenças. E sem pensar duas vezes, logo o respondeu, dizendo que a gostaria de fazer uma troca de informações, um buscando conhecer mais sobre o reino do outro.
Não demorou muito e, começaram se corresponder frenquentemente. Contando sues segredos, confissões,hábitos, sonhos, gostos, medos. E assim  Com o passar do tempo foi crescendo não apenas uma amizade, mais algo mais profundo entre esses dois príncipes. Talvez, eles não soubessem, mas, ali estava desabrochando amor puro pelo outro. E o amor não se explica, apenas se sente.
A vontade se verem era grande, mas era necessário, proteger seus reinos da praga, até finalmente poderem se encontrar. 
Tempos passaram e a praga perdeu a força, podendo finalmente ter a tão sonhada liberdade de abrir seus reinos novamente. E se apressaram a se encontrar em lugar, no meio de ambos os reinos.
Ao chegarem ao lugar em questão, ao virem, abriram um largo sorriso e, ao se aproximarem, souberam que ali o mundo e o tempo haviam parado.

domingo, 8 de dezembro de 2019

O bar


Era mais uma noite como todas as outras. Saio de casa, olho e vejo o céu, incomum – tinha algo estranho pairando no ar, como se algo estivesse prestes a acontecer. Tranco o portão e sigo em frente –
apenas queria sair dali, seja por alguns minutos ou por que não horas? Segui sem destino pelas ruas e vielas, apreciando o vento no rosto, ouvindo o barulho das árvores pelo caminho, as ruas mal iluminadas, apreciando o momento, o agora – meu presente. Ao me perder por alguma dessas ruas, sinto algo no rosto, paro e olho para cima e percebo as pequenas gotas de chuva vindo ao meu encontro, como se fosse exatamente o que eu precisava. Aproveito, por alguns instantes, aquele momento singular par mim, mas em poucos segundos, as gotas se transformam em uma forte pancada de chuva. Começo a correr, mas com um sorriso no rosto, apostando com a chuva, o quanto ela conseguia me encharcar – parecia bobo, mas era o tipo de aposta que me conectava com aquela criança interna. Ao correr, o mais rápido que podia, avisto, ao que me parecia, um bar com um letreiro escrito “Lua” – tentei me recordar se já havia, em algum momento, ouvido falar desse lugar e nada vem à mente. Penso em usar o lugar como refúgio, ao menos até a chuva passar. Ao entrar por uma porta toda trabalhada, me deparo com algumas mesas, com pequenos candelabros e cadeiras com detalhes vitorianas. Em um dos cantos havia duas mesas de sinuca e ao lado, uma jukebox. Atrás de uma bancada estava um barman que, ao me ver, abre um largo sorriso e acena para me sentar sobre um dos bancos da bancada, em frente a ele. Acabo não pensando muito e vou. Antes de me sentar, ele fala:
— Noite estranha, não é? Essa chuva foi inesperada. Sente-se, fique à vontade.
Ao me sentar, não vejo o cardápio pelo balcão e quando me dirijo para perguntar, ele continua a falar, não deixando de sorrir:
— Serei seu guia pelo “Lua” hoje. Deixe-me preparar algo para beber, eu sei exatamente o que você precisa! Confie em mim! Quando digo isso, é porque conheço o que as pessoas precisam.
Me pareceu estranho de imediato e, quando me dou conta, vejo ele se pôr a fazer uma mistura em copo, com nomes que nunca havia visto na vida – Sempre fui o tipo de pessoa que gosta de experimentar, mas a forma como me falou, fazendo aquela mistura sem ao menos questionar os meus gostos, nada. Estranhamente me senti confortável com isso, senti que apenas deveria apreciar aquele momento, sem questionamento algum – confiei no meu instinto!  
Ao pôr o copo em minha frente, com uma quantidade razoável do drink, ele se pôs a falar novamente, com aquele tenro sorriso no rosto:
— O “Lua” é um bar diferente. Fique em paz, aqui no “Lua” queremos apenas mostrar algumas perspectivas diferentes. Somos bons ouvintes, por isso saiba que sabemos de tudo! Espero que aproveite o seu drink.
Ao olhar o copo, não penso duas vezes e tomo um gole. O gosto é bem agradável, tem um leve amargor e um toque de doçura, que se misturam e tornam um sabor único – nunca havia tomado nada nem próximo daquele sabor. Quando coloco o copo na bancada, ele continua a falar:
— Como te disse sabemos de tudo aqui no “Lua”, temos uma particularidade, não conhecemos as pessoas pelas palavras ditas, mas sim pelos seus corações. Não temos um “cardápio” fixo, afinal, cada pessoa aqui precisa de algo em especial. Quando te vi entrar, percebi o que você precisava: apenas percepção. Seu drink é único. Tudo o que precisa no agora! Essa mistura de amargor e doçura é a combinação perfeita para o que vou te falar e leve para sempre consigo: A cada pequeno gole desse drink lembre-se que a vida é como ele, tem seus toques de amargura, mas tem os toques de doçura. Todos passamos por isso diariamente, em cada passo que damos em nossa jornada. Nem sempre será doce, mas também nem sempre será amarga. O importante é você ter a percepção de até nos toques amargos enxergar a doçura, e o inverso também se aplicada a regra, mas independente disso, você escolhe qual lado quer carregar pra si!
Ao terminar essa frase, sinto lágrimas escorrerem pelo meu rosto, sem filtro, sem pensamentos, apenas saem. E não consigo soltar uma palavra, quando ele continua a dizer:
— Projete nesse drink, sua vida e seus problemas, tenha certeza que a cada gole, ele virá como uma pequena percepção e luz, luz para seus problemas e suas batalhas, além de te relembrar os bons momentos da vida. Aproveite o agora! A cada pequeno gole terá a clareza da água, a paciência de um monge, a força de mil homens, a bondade de um santo, o discernimento necessário para si mesmo! Estarei por aqui, e saiba que nunca estará sozinho! A propósito, esse é por minha conta! – aquele sorriso que nunca saiu da minha mente.
Fico completamente atônito, com o rosto encharcado por lágrimas, me pus a apreciar aquela bebida, em meu silêncio, apenas atento a ela e ao barman, que se pôs à fazer suas tarefas, a limpar os copos – sempre com aquele sorriso que nunca mais saiu da minha mente.  
Ao acabar o drink, me senti revigorado, como se fosse uma pequena poção mágica. Deixo o copo em minha frente e agradeço apenas com um aceno – me faltavam palavras para agradecer por aquilo. Quando ele me chama ao fundo e diz:
— Não agradeça a mim, mas sim, a si! Todos estamos sempre fazendo o melhor, saiba que esse drink não tinha nada alcoólico. Nunca saberá a sua fórmula, mas posso te dizer que ele tem algo muito especial, a sua força, a sua essência, seu mérito. Sempre que precisar o “Lua” estará disponível para ti. Lembre-se: você nunca estará sozinho na sua jornada!
Ao sair vejo que a chuva parou, fecho os olhos e ao abrir me vejo em casa. Me pergunto se aquilo foi um sonho, um devaneio ou se aquilo realmente aconteceu? Independentemente de qualquer coisa, decido que o hoje será diferente do ontem, fazendo um amanhã muito melhor!

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Brinquedo novo


Miguel um garoto de imaginação fértil, com uma boa qualidade de vida. Como de costume havia ganho mais um brinquedo, para sua vasta coleção. Um urso, o havia visto em um anúncio e, o queria já a algum tempo. Ele o havia sonhado com esse momento por dias, só o queria mais que tudo que já quis na vida.
Ao rasgar o embrulho de presente, olhou para os seus pais agradecendo, com um largo sorriso, não demorou segundos e já o chamou de Billy. Naquele instante, soube que seriam melhores amigos para sempre. 
Billy ao ver a criança ficou encantado, afinal, é algo que esperava a muito tempo, um companheiro para vida. Enfrentando perigos, estando ao seu lado em momentos alegres e difíceis. 
Não demorou muito Miguel correu ao seu quarto com Bill. Ao ver o quarto Billy, se maravilhou, um quarto amplo, com prateleiras nas paredes, com brinquedos extremamente bem cuidados, limpos, e cada um em seu cantinho que parecia especial, uma cama ampla  bem ao centro do quarto. ao lado uma janela, com vista para a rua, um guarda roupa todo cheio de figurinhas, que com certeza, era os gostos de Miguel estampados ali. Ali foi o inicio de muitas aventuras e companheirismo. 
Com  o passar de dias, meses... Miguel e Billy, não se desgrudavam passavam o tempo todo juntos.Sempre havia invenções, brincadeiras surgiam, todos os outros brinquedos eram envolvidos, mas sempre com uma atenção e carinho especial maior a Billy. 
Mas com o tempo passando, algo mudou, Miguel em alguns dias, não desgrudava de Billy, outros dias, apenas o deixava num canto jogado. Billy começou a se sentir triste, não entendendo o que aconteceu, o que mudou para estarem criando um abismo, que com o passar dos dias, crescia gradativamente. 
Um dia Miguel, entrou em seu quarto com uma caxa enorme, ao abrir, Billy avistou, um novo urso maior que Billy e, com funções que não tinha.Nesse momento Billy, sabia que o aguardava, o urso cheio de alegria, parecia apenas uma lembrança. 
Miguel o havia abandonado, era apenas mais um dos inúmeros brinquedos na sua prateleira, Miguel não desgrudava do novo urso. não queria mais seu companheiro de aventuras. 
Um dia Miguel chegou com uma caixa, na qual Billy, viu escrito doação, Aos poucos, Miguel foi pegando alguns brinquedos das prateleiras e deixando outros, até chegar frente a frente com Billy. Sem ao menos pensar Miguel o pegou, e o colocou na caixa. Aquele momento foi devastador para Billy. 
Logo os brinquedos, foram doados, para outras crianças, mas para surpresa de Billy, ganhou um novo lar. Aos poucos, com o novo companheiro, Billy foi se doando, ali no qual todos os brinquedos tinham sua importância e seu tempo especial, ali foi onde Billy percebeu, que todos tem seus respectivos lugares e suas devidas funções, mas ali foi onde Billy teve a certeza, que estava e ainda está com sua melhor companhia. Se sentiu completo. 

terça-feira, 17 de setembro de 2019

A rosa.


Estava andando pelo parque, como de costuma, era uma tarde ensolarada, e com uma leve brisa, tocando o rosto. Fones a ouvido, caminhando como de costume para espairecer. Nessa caminhada, avistei uma rosa, solitária, era algo surreal a beleza dela. Ao me aproximar, vi que era de uma cor e tonalidade diferente, parecia ter duas cores nela. Naquele instante não hesitei, e fui atrás de água, para rega-la. Parecia não ser cuidada por algum tempo. Depois de a rega-la continuei minha caminhada, mas pensando e sentindo algo especial em avista-la. Ao terminar a caminhada, voltei para casa. No outro dia, voltei e acabei começando a passar alguns minutos com ela, apenas a admirando, refletindo e cuidando. Alguns dias se passaram, aquelas duas cores, foram se transformando em três e, ela foi ganhando vida. A cada dia que passava, eu passava mais tempo conversando, com ela, cuidando dela era como se fosse parte de mim, que juntos estávamos gradativamente nos fortalecendo. Em um dessas idas, um rapaz, correndo, parou e puxou papo, questionando o por quê estava cuidando daquela flor. Sem pestanejar, apenas mencionei que eu nunca havia visto tal beleza de uma rosa.Logo após isso, sentou-se ao me lado e conversamos por um breve tempo, Ao seu levantar apenas disse: Até amanhã! . Com o passar dos dias, os encontros se tornaram o meu ponto seguro, no qual conversamos, passávamos horas. A rosa, que com o tempo, foi se abrindo, e fomos descobrindo novas cores. Cada dia era um novo, dia, uma nova conversa, um novo laço criando, nos tornando mais próximos, e estar apenas la, com ele me fazia feliz. Um dia como rotineiro, fui até o ponto da rosa, mas ao chegar uma surpresa, ela não estava mais la, e nem ele estava como de costume. De imediato, fui tomado por um frio na boca do estomago arrebatador. Quando sinto um cutucão, ao me virar o vejo. E sem delongas diz: Eu apanhei a rosa, levei para casa. Assim como nós, estávamos solitários e fechados, com o tempo ela foi se abrindo, e fomos descobrindo novas cores. A levei-a para casa, assim, finalmente posso ter uma desculpa para te levar para la! Afinal, temos que cuidar daquilo que criamos e, só fortalecer e crescer, o que é nosso. Me puxando pela mão, seguimos em direção a casa dele, e naquele momento ao segurar a mão me senti completo!

terça-feira, 30 de julho de 2019

Invisível.


Algum dia você se já imaginou, o que faria se estivesse invisível. Já deve ter criado inúmeros cenários, de como aproveitar. Chegou esse dia para mim. Nada é como imaginamos, e sem mais e menos, pode se surpreender. Era um dia como qualquer outro, me levanto, ainda sonolento vou lavar meu rosto. Como de rotina tomo meu demorado banho, como algo. Decido andar, apenas curtindo minha própria companhia. Saio de casa e ninguém percebe minha ausência. Ando em direção a um parque, apenas para relaxar. Durante o percurso vejo rostos, que passam por mim e mais uma vez sem ser notado.
Imerso em meus pensamentos, continuo a minha caminhada. Rostos e mais rostos, novamente nenhum deles se quer me vê. No decorrer dessa caminhada, percebo que não vejo mais mãos, e aos poucos, minha pele se tornando transparente até completamente desaparecer. Não me desespero.
Chego ao parque e resolvo me sentar ao pé de uma árvore. Ali fico, e resolvo descansar e passar o dia por ali. Está um dia cheio de sol, e eu tomado pela preguiça só quero admirar. Durante o decorrer vejo famílias passando, se divertindo por ali. Revejo velhos rostos conhecidos, alguns com famílias formadas, outros andando sozinhos, outros com rostos desconhecidos para mim. Penso:
"Dias, meses, anos se passam e aqueles que eram conhecidos algum, dia se tornaram desconhecidos. E de alguma forma, alguns tornam se invisíveis para outros." Estou invisível, adianta usar isso de outra forma, a não admirar a vida ao longe? Ver que cada pequeno detalhe, cada gesto, cada fala, cada briga, cada riso é tão importante para si e para que os cercam. É final de tarde quando resolvo voltar para casa, ao me levantar esbarro em alguém e tombo. Quando uma mão se estende, e ao tentar dar minha mão invisível, assim que se tocam, sinto cada veia, cada pulso e volto a ver meu corpo novamente. Abro um largo sorriso, quando vejo que estou sendo retribuído e ali segurando aquela mão, deixo de ser invisível.

segunda-feira, 10 de junho de 2019

A fita vermelha.

Sempre fui o tipo de pessoa que acreditei em destino. Parece bobo, imaturo e até insensato. Se você não acredita tudo bem, vou te entender e, tudo bem. Poderia te provar que nada nessa vida, é o acaso. Prefiro guardar essa sensação e essa certeza a mim. A dias que sinto, uma certa sensação de que algo acontecerá. Aquele não era um dia desses. Existe uma teoria que todos somos ligados por linhas invisíveis. E uma delas, é ligada a pessoa destinada a você. Se tivesse apenas uma chance de isso acontecer, acredita que o faria certo? Será que seria no tempo certo? Ou será que cortaríamos essa linha sem ao menos perceber? Desperto como um dia qualquer, pela fresta da janela, abro o olho demoradamente, vendo um céu azulado. Me ponho de pé e como é dia de folga, já me programo mentalmente o que farei com a ampulheta do tempo, que está esvaindo de mim. Ao contrario dos dias comuns, prefiro me arrumar e, sair pra comer algo fora de casa. Não é tão longe de casa, onde entro uma pequena conveniência de café. Ao entrar avisto mesas ocupadas, e sigo direto ao caixa. Havia apenas duas pessoas a minha frente , por uma pequena fração de segundos, derrubo algumas moedas. Quando algo acontece, um garoto pega as moedas do chão e me entrega sorridente. Por uma fração de segundos, o tempo para e é algo sem explicação acontece dentro de mim. Percebo uma nó vermelho e nele uma linha ligando o dedo mindinho dele ao meu? Quem é aquele que apenas um pequeno gesto, fez meu coração disparar? Sem fala, ele entregou as moedas em minha mão e nossas mãos se tocaram, por um breve milésimo, seu toque quente, fez meu coração ir à boca. Ele se pôs a ir embora, e eu fiquei estática. O que era essa linha? O que foi esse sentimento? Quando me dei por conta estava saindo da cafeteria para ver se o achava, mas havia sumido. Como pude ser tão estúpida e não falar nada? Já desanimada, me pus de volta para casa. No caminho recebo uma mensagem: Festa hoje! Passo na sua casa as 16:00!. Sabia que com aquela amiga, não existia a palavra não. Saia que eu iria com ela. Voltando em casa, pulo de tarefa em tarefa, sem nunca finalizar nenhuma, apenas com aquele rosto em minha mente. "Estúpida"- penso, como pude não ter feito nada? As horas, se arrastando como uma tartaruga, sendo uma tortura sem fim, dentro da minha mente. Quando chega o derradeiro horário para ir à festa e estou pronta, percebo que a linha vermelha presa ao meu dedo apareceu. A campainha toca, e ponho a encontrar minha amiga. Ao caminho do local da festa, percebo que o pequeno nó em meu dedo, esta ligada a uma linha e essa linha estava correspondendo ao caminho da festa. Ao chegar a linha quebra, mas o, no permanece no meu dedo, coração acelera, e sinto uma sensação estranha, percebo que estou ansiosa. Tento não demonstrar essa ansiedade mas, imposssivel não estar ansiosa ao entrar na casa. Cumprimento alguns conhecidos, converso um pouco, quando o vejo. Aquele garoto de hoje cedo, está ali e, o no vermelho está no dedo dele. Coração acelerado, frio na barriga e, ele deve me achar um idiota. Ele me vê, quando o vejo se levantando rapidamente, e segue em minha direção. Percebo que os conhecidos e minha amigas não estão mais próximos de mim. Ao chegar, ele se apresenta e começamos a conversar. A conversa flui de uma tal forma, como nunca havia acontecido na minha vida. Tive certeza, havia não apenas uma química como algo além de nós ali, naquele instante. A cada detalhe, a cada palavra, parecia que éramos como as últimas peças de um quebra cabeça se encaixando. Quando ele me convida para caminhar para ver o por do sol. Ao seguir a caminhada em direção ao solo, percebo que nossos mindinhos se tocam e como por uma mágica os pequenos nós de fita vermelha se entrelaçam em um só. Percebo ali, no agora que tinha encontrado, em uma crença popular, minha almagêmea. E seguimos em direção ao por de sol, de mãos dadas, não se importando com o amanhã, mas sabendo que ali, ambos tinham encontrado a mágica que muitos passam a vida buscando.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Batida do coração



A luz da rua ilumina por entre esse quarto de hotel, sentado preso em meus pensamentos. Lá fora está quente, mas, aqui dentro está muito frio. Mesmo estando frio não me importo, apenas deixo esse frio me arrebatar. Olho ao redor é um quarto pequeno, com a baixa luz vindo da rua, vejo aparador ao canto, com uma jarra com flores, de quais não tenho conheço (talvez pela minha falta de interesse), a minha frente uma TV em uma estante, mas a deixo desligada, a finalidade de estar nesse quarto é outra. Pego aquele cartão, que apenas diz o endereço um telefone e, escrito nele, com uma grafia colonial: “peça o quarto 113”. E ali estava, esperando pelo derradeiro fim de tudo aquilo, que haviam me prometido. Fico ansioso e, ao mesmo tempo, com muito medo do que aquilo, pode proporcionar. Quando me dou conta que em um canto, vejo um formato de uma pessoa num canto escuro. Me assusto, e percebo a silhueta de uma pessoa alta, mas pela escuridão não consigo definir, quando começa a falar e com uma voz doce: Ao lado, da cama, tem um chá já preparado. Esteja ciente dos termos, ao tomar, as lembranças se esvai como areia, das mãos. Apenas acompanharei o processo, quando acabar partirei. Sem pestanejar, pego e tomo o chá, numa fração de segundos. Tem um gosto amargo e doce simultaneamente. Não sinto nada de diferente, quando a sombra volta a falar. Agora a cada batimento de seu coração, uma memória se partirá, assim até o final do processo. Estarei aqui por você. Logo em seguida, num partir de milésimos, como um holograma, aparecia momentos diante dos meus olhos, e se quebrando como vidro partido. Acompanhando via, que as lembranças ruins estavam se rompendo, e aquela sensação se esvaindo. Estava feliz, iria esquecer de tudo aquilo que me magoou, mas eis que percebo. As lembranças boas, estavam se quebrando. Como um desespero questiono a sombra,sem forças suficiente para me movimentar: Ei! Isso não é justo, quero guardar as lembranças boas! A sombra me responde, com uma voz triste e benevolente: Vivemos em uma balança, na qual a proporção sempre será equilibrada. As lembranças boas, te trazem, lembranças ruins, e o inverso ocorre. Não podemos controlar quais serão apagadas no processo. Por precaução, depois de muito custo, permiti uma segunda chance, para aqueles que se arrependem durante o caminho. Mas para isso haverá um custo maior, a ti. Não posso te garantir qual será o custo, isso depende de pessoa a pessoa. Mas ao lado do chá, tem um comprimido. Pode ser uma doença, pode ser apenas uma mancha, apenas algumas lembranças apagadas, haverá consequências. Em um impulso, pego o comprimido e tomo rapidamente, o medo de perder tudo, as experiências vivenciadas, aquelas sensações, aqueles amigos, até aqueles amores. Não quero perder tudo aquilo que guardo com tanto carinho, penso: “se tiver que guardar toda as lembranças boas e ruins, prefiro mante-las , com o receio de que mude quem sou”.
Como se meu corpo se movesse, sem meu consentimento, com energia revigorada, correndo em direção a porta. Abro-a em desespero, quando me dou conta, que estou correndo pelo corredor do hotel, de frente ao elevador, que chega no momento que chego a frente de sua porta. Entro, saio do Hotel correndo, sem nunca olhar para trás.

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